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"Encheu os pulmões com vontade para ver se coragem era parasita do ar". (página 57)

 

Lúcio Flores é o único professor do povoado de Bazalta. Aparece na história como um envergonhado do próprio passado, mesmo que não se saiba ao certo a que se deve isso (ao menos até boa parte da narrativa). Aliás, muito pouco se sabe sobre ele, que vinha de "ninguém-sabe-onde e tampouco sabiam como fora parar em Bazalta". Destoando dos moradores do vilarejo, é culto, cuidadoso da aparência, sabido sobre elegâncias e estudado do mundo. Suas peculiaridades, porém, vão mais a fundo. Com o tempo ficam mais que perceptíveis, coisas que antes ele teimava em esconder de todos, transparecendo no suor constante em sua testa, no tremelico dos joelhos e das mãos. O que se passa, na verdade, é uma briga intrínseca entre sua sanidade e uma doença cravada no seu ser que tenta reprimir. Talvez por conta dessa tentativa de reclusão de seus instintos é que se torna tão introvertido, uma vez que dessa forma pode poupar o mundo daquilo que julga sua insanidade. Porém, a insistência da chuva somada à sua infeliz ideia de convivência com Cassilda para dar-lhe aulas, traz cada vez mais à tona suas desgraças que, como se pragas de seu sangue, não consegue mais livrar-se, nem de seus sintomas. Interessante como, conhecendo-se, Lúcio tenta salvar seus companheiros de si mesmo, culpa-se pelos seus atos que sabe errados, mas que por algum motivo maior não consegue evitar. É por isso, inclusive, que se desapega tão facilmente da vida.

Lúcio Flores

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