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"Assistiu a tudo sem palavra ou expressão e, tirando de todos o amigo, de sua irmã o amado, e com isso perdendo ainda a própria Carmem, permanecia impassível como se tirado também um mal de sua vida". (página 155)

Cassilda vai muito além da descrição que lhe foi dada. É então uma adolescente, filha caçula de Vitória, que busca justificar existências com sinas e destinos planejados. Completamente cinza na primeira parte da história porque sente sua existência já definida, conforma-se com sua sorte que julga certa e imutável. Percebe em si um pouco da irmã Glória, que lhe acompanha no destino. São fadadas a cuidar da matriarca, antes a mais velha e depois ela mesma, que aprende observando. Quando Glória vai embora e faz falta na casa, as tarefas são todas suas. A julgar pela reviravolta da terceira parte da história, podemos pensar que, mesmo na segunda, começa a florescer em Cassilda a exaustão de prestar serviços muitas vezes sob o desdém da mãe, encoberta pelo véu da “loucura”. Associado à idade, que nessa época tem seus 15 anos, podemos entender que a jovem tem passado por uma fase de questionamentos. Na terceira parte da história, diante de um acontecimento que serve como a “gota d’água” de seu sofrimento serviçal, Cassilda decide ela mesma ser cuidadora de destinos, não somente o dela, mas também o de seu professor e primeira inimizade, Lúcio Flores. Silenciosa, Cassilda é um leque de pensamentos: é a idade pouca e o esgotamento, a revolta que clama por mudanças pessoais.

 

Cassilda Manarca

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